domingo, 8 de julho de 2012

Face to Face (1968)

Face a Face - 1968


"Bergman mostrou ao mundo que as faces são sempre importantes. A ação, assim, pode estar em apenas um olhar."

Face a Face, de 1976, fora concebido originalmente como uma série. Na versão editada, ao cinema, tem-se a impressão que o drama não chegou ao seu ápice justamente porque alguns pedaços necessários à construção foram deixados de lado. Os problemas de Jenny em alguns momentos não parecem absolutamente claros; portanto, o próprio espectador deve preencher algumas lacunas deixadas pelo texto de Bergman. Àqueles que conhecem a obra do cineasta, será mais fácil embarcar nessa "viagem" interior, pois, como a maioria dos personagens de sua obra, há descontrole e conflito. Sem qualquer ressentimento, repleto de verdade, o cineasta quer dizer, em resumo de sua filmografia, que o ser humano não suporta viver sem seus conflitos. E não há qualquer significado à vida sem as máscaras, variadas, utilizadas pelas pessoas em seus cotidianos.

Diferente de artistas como Antonioni, que relatavam os dramas e desesperos humanos a partir do conflito entre homem e ambiente, sobre as mudanças do mundo, Bergman parece extrair sua fonte e suporte ao filme apenas do espírito humano. Nele, muitas vezes longe do ambiente, desfilam pessoas em dúvida; ou mesmo, como Jenny, à beira de um colapso que pode ser apresentado em qualquer lugar do globo.

Bergman, um autor com extrema convicção em relação à força da platéia em suportar o caminho desta protagonista, ainda insere, ao fim, o difícil diálogo entre mãe e filha. O tema central parece se repetir no trabalho seguinte do diretor, Sonata de Outono, sobre a relação de ódio entre parentes próximos. Face a Face demonstra outro item constante em seus filmes: a culpa que muitas pessoas carregam em vida; e algumas delas, como no caso de Jenny, adquiridas enquanto crianças. Talvez esse seja o principal acerto de Bergman em muitos casos, o de "desmascarar" suas criações aos poucos, como se a vida fosse uma caixa até então fechada e preste a explodir quando personagens como Jenny são confrontadas com o passado, com a mudança ou mesmo com seus próprios erros.

Fonte: http://cinemasemtempo.blogspot.com.br/2010/01/as-mascaras-de-bergman-parte-4-face.html  

Nenhum comentário:

Postar um comentário