sábado, 21 de julho de 2012

Quando as Mulheres Esperam (1952)



Quando as mulheres esperam (1952) é um dos primeiros sintomas dos novos rumos que tomaria a obra de Bergman após a primeira manifestação de maturidade que foi Juventude. Poderíamos mesmo dizer que a fita é uma recapitulação de seus dez primeiros filmes e a apresentação de uma das novas linhas temáticas que passaria a adotar a partir dali: a da comédia, mas com elementos trágicos, característicos de sua personalidade, sabiamente distribuídos nos diálogos e situações. Nessa nova linha, Bergman faria Uma lição de amor (1954), Sonhos de mulheres (1955) e Sorrisos de uma noite de amor (1955), um novo marco de maturidade do autor, dentro de um gênero em que a Suécia se salientou desde os tempos de Erotikon (1920), de Mauritz Stiller.

A narrativa desenvolve-se através de rememorações, a história conjugai de quatro mulheres que, durante as férias de verão, estão esperando seus maridos numa casa de campo. Enquanto esperam, as mulheres trocam impressões e fazem confidencias sobre sua vida íntima com os quatro homens, que são irmãos e constituem diversos tipos psicológicos. O filme é considerado como o primeiro de Bergman a fazer concessões nitidamente comerciais, mas nem por isso deixa de ser um profundo estudo da alma feminina, que analisa trágica e satiricamente os dramas advindos do casamento, dos quais a mulher é sempre a maior vítima, seja pelo desencanto, pela rotina ou pela frustração.


fonte: fls. 32, Armando, Carlos. “O Planeta Bergman”, Oficina de Livros Ltda, Belo Horizonte/MG, 1988, 338 pp.

"Estaremos todas juntas aqui, com nossas mágoas vulneráveis à curiosidade das outras. Para mim, não será bem umas férias"

 "É claro que temos. Dizemos “Olá” e “Tchau”. “Bom dia, querido”... “Boa noite, meu amigo”, “Como foi seu dia”. (...) Mas nunca nos aproximamos um do outro. Nunca temos qualquer tipo de afeto ou intimidade. (...) Não posso nem gritar com ele. Não posso amarrar o corpo dele ao meu. Não posso arrancar seus olhos para que fique cego e dependa de mim. (...) Uma mulher adulta que devia ter se resignado e se encontrado. (...) Só tenho a minha vida, só isso. (...) Mas que nos tornamos? Um casal de fantoches chineses corteses. Não, eu me recuso. Não é para as coisas serem assim..."

"Sentir-se abandonada. Sabemos como é esse sentimento."



"Você está confusa em seus padrões morais. Estão em seu estômago, podem ser operados como um apêndice."
"O que disse ao pobre suicida? Bem, disse: 'a pior coisa não é ser traído, mas ser solitário. Se é verdade ou não, funcionou."



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